Quando falamos em Preto Velho, nos vem à mente quatro palavras básicas: calma, sabedoria, humildade e caridade.
Voltando no tempo, durante o período colonial brasileiro, as grandes potencias européias da época subjugaram e escravizaram negros vindos de diversas nações africanas, transformando-os em mercadorias, seres sem alma, apenas objetos de venda de trabalho.
Nesse mercado, os traficantes negreiros costumavam se utilizar de
maneiras diversas para conseguir arrebanhar sua “mercadoria”: chegavam
surpreendendo a todos na tribo, separavam, é claro, sempre os mais
jovens e fortes. Costumavam buscar os negros nas regiões Oeste, Centro-Oeste, Nordeste e Sul da África.
Trocavam por outras mercadorias, como espelhos, facas e bebidas, os que
eram cativos oriundos de tribos vencidas em guerra e trazendo como escravos os que eram vencidos.
No Brasil, em principio os escravos negros
chegaram pelo Nordeste; mais tarde, também pelo Rio de Janeiro. Os
primeiros a chegarem foram os Bantos, Cabindos, Sudaneses, Iorubas,
Minas e Malés.
Para a África,
o trafico negreiro custou caro: em quatro séculos foram escravizados e
mortos cerca de 75 MILHÕES de pessoas, basicamente a parte mais
selecionada da população.
Esses negros,
que foram brutalmente arrancados de sua terra, separados de suas
famílias, passando por terríveis privações, trabalharam quase que
ininterruptamente nas grandes fazendas de açúcar da colônia. O trabalho
era tão árduo, que um negro escravo no Brasil não chegava a durar dez anos.
Em troca de tanto esforço, nada recebiam, a não serem trapos para se
vestir e pão para comer, quando não eram terrivelmente açoitados nos
troncos pelas tentativas de fuga e insubordinação aos senhores. Muitas
vezes, reagiam a tudo suicidando-se, evitando a reprodução, matando
feitores, capitães-do-mato e senhores de engenho.
O que restava ao negro africano escravo
no Brasil era sua fé, e era em seus cultos que ela resistia, como um
ritual de liberdade, protesto a reação contra a opressão do branco. As
danças e cânticos eram a única forma que tinham para extravasar e
aliviar a dor da escravidão.
Mas, apesar de toda a revolta, havia também os que se adaptavam mais
facilmente à nova situação. Esses recebiam tratamento diferenciado e
exerciam tarefas como reprodutores, caldeireiros ou carpinteiros. Também
trabalhavam na Casa Grande, eram os chamados “escravos
domésticos”. Outros, ainda, conquistavam a alforria através de seus
senhores ou das leis (Sexagenário, Ventre Livre e Lei Áurea). Com isso,
foram pouco a pouco conseguindo envelhecer e constituir seu culto aos
Orixás e antepassados, tornando-se referencia para mais jovens,
ensinando-lhes os costumes da Mãe África. Assim, através do sincretismo, conseguiram preservar sua cultura e religião.
ATUAÇÃO DOS PRETOS VELHOS
Esses são os Pretos Velhos
da Umbanda, que em suas giras nos terreiros representam a força, a
resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referencia
para aqueles que os procuram, curando, ensinando e educando, aos
encarnados e desencarnados necessitados de luz e de um caminho a
trilhar.
Um Preto Velho
representa a humildade, jamais demonstrando qualquer tipo de sentimento
de vingança contra as atrocidades e humilhações sofridas no passado. Pretos Velhos ajudam a todos, independente de cor, sexo ou religião.
Em sua totalidade, não se pode afirmar que as entidades que se apresentam nas giras são os mesmos Pretos Velhos escravos.
Muitos passaram por ciclos reencarnatórios e podem ter sido em suas
vidas anteriores médicos ou filósofos, ricos ou pobres, e, para cumprir
sua missão espiritual e ajudar aos necessitados, escolheram incorporar a
forma de Pretos Velhos. Outros, nem negros foram, mas também escolheram essa forma de apresentação.(grifo nosso)
Muitos podem estar perguntando: “Mas então os Pretos Velhos não Pretos Velhos?”.
A explicação é simples: todo espírito que já alcançou determinado grau
de evolução tem a capacidade de descer sob qualquer forma passada, pois é
energia pura, a forma é apenas uma conseqüência da missão que vem
cumprir na Terra. Podem também, em locais diferentes, se apresentarem
como médicos, Caboclos ou até Exu, depende do trabalho a que vêm
realizar. Em alguns casos, se tiverem autorização, eles mesmos nos dizem
quem são.
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