Não fugiremos à Lei imutável de que há vida após a morte. A verdadeira
vida eterna é a existência do espírito que, após um período no astral,
reencarna, voltando ao corpo material muitas vezes, para ampliar a
consciência do ser e continuar o seu aperfeiçoamento e crescimento, no
caminho rumo ao Criador. Esta vida é apenas um estágio, no qual devemos
adquirir compreensão para evoluir. Com a morte, muda apenas a
vibração, pois o plano de vida passa a ser o espiritual. Portanto, vida
e morte constituem um único ciclo de vida, no qual o nascimento
corresponde à entrada na vida material e a morte à entrada na vida
espiritual.Pai Omulu é o orixá, fiel depositário do nosso corpo, quando o
espírito se desprende dele. Ele é o Orixá da terra, que nos aguarda até
que sejamos chamados pelo nosso Senhor, Olorum.
O que
normalmente chamamos de morte é uma dissolução progressiva do indivíduo,
que, ao desencarnar, se defronta com uma zona de transição entre o
mundo da matéria e o mundo astral, denominada túnel da triagem. Esse
túnel escuro, possível de ser atravessado em frações de segundos, tem
portas de entrada para o astral superior, que conduzem a zonas de
repouso e regeneradoras, e portas de entrada para as zonas trevosas do
astral inferior. Ao passar por esse túnel, bastam alguns segundos para
que toda a vida do ser, suas idéias, seus preconceitos, seus
comportamentos e suas crenças desenrolem-se como cenas de um filme. Essa
aferição dará seu direcionamento ao local que habitará após o
desencarne, de acordo com suas afinidades com princípios positivos
luminosos ou negativos e viciados. Os vícios terrenos muitas vezes
atrasam em milênios nossa caminhada evolutiva. Pai Omulu, de seu ponto
de forças no campo santo (cemitério), coordena todas as almas, após o
desencarne, de acordo com a Lei Maior, mantendo-as no cemitério ou
encaminhando-as ao umbral (purgatório), onde também é o regente. O
Senhor Omulu é o chefe de todos os executores da Lei dentro da Linha das
Almas e é, ele mesmo, o verdadeiro executor dos seres que caíram, por
vários motivos, e que têm de purgar os seus erros no astral inferior.
Ele também recolhe os espíritos que, quando na carne, ofenderam o
Criador, e que cairão nos planos sem retorno. Em todas as culturas o
campo santo é considerado um lugar sagrado, onde os corpos sem vida são
devolvidos ao Criador Olorum. Os mortos merecem o nosso respeito e devem
ser lembrados com amor, pois tais sentimentos os auxiliarão em sua
caminhada evolutiva. A obrigação de todos nós é cuidarmos da vida na
carne, da melhor maneira possível, com a coragem de colocarmo-nos frente
a frente com os nossos vícios, erros, desejos e anseios. É
reconhecermos que somos imperfeitos e buscarmos sempre nossa melhora,
envidando todos os esforços possíveis para vencermos a nós mesmos,
mudarmos nossas atitudes em relação aos semelhantes e a nós, e
caminharmos rumo ao Divino Criador.
"Na Umbanda, Omulu é o Orixá
que tem o recurso de paralisar todo processo criativo ou gerativo que
se esvirtuar, se degenerar, se desequilibrar, se emocionar e se
negativar. Deus tanto gera como paralisa a criação que não mais atende
aos seus desígnios, às suas vontades. Pai Omulu nos paralisa nos atos
geradores desvirtuados, das idéias, doutrinas, projetos, desejos,
faculdades sexuais, princípios, leis etc. Os atributos de Omulu são
telúricos, pois é através da essência telúrica que suas irradiações nos
chegam, imantando-nos e despertando em nosso íntimo os virtuosos
sentimentos de preservação de tudo que foi gerado pelo Divino Criador.
Pai Omulu, a terra geradora da vida, é uma divindade da terra. É o orixá
que rege a morte, ou seja, o desencarne, o instante da passagem do
plano material para o plano espiritual, conduzindo cada um ao seu devido
lugar. Omulu é a energia que se condensa em torno do fio de prata, que
une o espírito e o seu corpo físico, e o dissolve no momento do
desencarne ou passagem de um plano para o outro. Essa energia que rompe o
fio tanto pode parti-lo rapidamente (quando a morte é natural e
fulminante) como pode ir se condensando em torno dele, envolvendo-o todo
até alcançar o perispírito que já entrou em desarmonia vibratória
(porque a passagem deve ser lenta), induzindo o ser a aceitar seu
desencarne de forma passiva. Pai Omulu atua em todas as religiões, sendo
em algumas denominado de "Anjo da Morte" e em outras divindade ou
"Senhor dos Mortos". É o Guardião dos Mortos e da Vida, pois paralisa
todos que atentarem contra ela. É o Senhor das Almas, pois, se a Lei o
ordenar, mantém os espíritos nos cemitérios após o desencarne. Ele
guarda para Olorum os espíritos que, durante sua jornada terrena,
fraquejaram e se entregaram à vivência de seus vícios emocionais. Mas,
ele não pune ou castiga, apenas conduz cada um ao seu devido lugar logo
após o desencarne. Em seu pólo negativo, é o chefe de todos os
executores da Lei dentro da Linha das Almas. Omulu é o executor das
almas que caíram e têm de purgar os seus erros no astral inferior,
também conhecido como umbral. Esse orixá paralisa todo processo criativo
ou gerativo que se negativar, se desvirtuar, se degenerar, se
desequilibrar ou se emocionar. Ele recolhe o espírito daqueles que
ofenderam ao Criador, quando na carne, e que irão para os planos sem
retorno. Mas, em seu pólo positivo, ele é o puro amor divino, é a
própria caridade divina no amparo dos espíritos caídos, até que os
mesmos tenham se curado e retornado ao caminho reto. Podemos orar a
Omolu para a cura de enfermidades. Ele atuará no nosso magnetismo, no
nosso corpo energético, no nosso campo vibratório e no nosso corpo
carnal, curando-nos ou possibilitando o encaminhamento ao médico que
fará isso. Toda a magia envolvendo os mortos está em seu reino, o ponto
de forças dos cemitérios, no embaixo, já que, no alto são regidos por
nosso pai Obaluaiyê. Os povos de todas as culturas têm os seus campos
santos, os cemitérios, como lugares sagrados, para onde são devolvidos
os corpos já sem vida ao Doador da Vida e que não devem ser profanados.
São os pontos de transição do espírito, quando deixa a matéria e passa
para o plano espiritual.
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