como espelhos, facas e bebidas, os que eram cativos oriundos de tribos vencidas em guerra e trazendo como escravos os que eram vencidos.
No Brasil, em principio os escravos negros
chegaram pelo Nordeste; mais tarde, também pelo Rio de Janeiro. Os
primeiros a chegarem foram os Bantos, Cabindos, Sudaneses, Iorubas,
Minas e Malés.
Para a África,
o trafico negreiro custou caro: em quatro séculos foram escravizados e
mortos cerca de 75 MILHÕES de pessoas, basicamente a parte mais
selecionada da população.
Esses negros,
que foram brutalmente arrancados de sua terra, separados de suas
famílias, passando por terríveis privações, trabalharam quase que
ininterruptamente nas grandes fazendas de açúcar da colônia. O trabalho
era tão árduo, que um negro escravo no Brasil não chegava a durar dez anos.
Em troca de tanto esforço, nada recebiam, a não serem trapos para se
vestir e pão para comer, quando não eram terrivelmente açoitados nos
troncos pelas tentativas de fuga e insubordinação aos senhores. Muitas
vezes, reagiam a tudo suicidando-se, evitando a reprodução, matando
feitores, capitães-do-mato e senhores de engenho.
O que restava ao negro africano escravo
no Brasil era sua fé, e era em seus cultos que ela resistia, como um
ritual de liberdade, protesto a reação contra a opressão do branco. As
danças e cânticos eram a única forma que tinham para extravasar e
aliviar a dor da escravidão.
Mas, apesar de toda a revolta, havia também os que se adaptavam mais
facilmente à nova situação. Esses recebiam tratamento diferenciado e
exerciam tarefas como reprodutores, caldeireiros ou carpinteiros. Também
trabalhavam na Casa Grande, eram os chamados “escravos
domésticos”. Outros, ainda, conquistavam a alforria através de seus
senhores ou das leis (Sexagenário, Ventre Livre e Lei Áurea). Com isso,
foram pouco a pouco conseguindo envelhecer e constituir seu culto aos
Orixás e antepassados, tornando-se referencia para mais jovens,
ensinando-lhes os costumes da Mãe África. Assim, através do sincretismo, conseguiram preservar sua cultura e religião.
ATUAÇÃO DOS PRETOS VELHOS
Esses são os Pretos Velhos
da Umbanda, que em suas giras nos terreiros representam a força, a
resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referencia
para aqueles que os procuram, curando, ensinando e educando, aos
encarnados e desencarnados necessitados de luz e de um caminho a
trilhar.
Um Preto Velho
representa a humildade, jamais demonstrando qualquer tipo de sentimento
de vingança contra as atrocidades e humilhações sofridas no passado. Pretos Velhos ajudam a todos, independente de cor, sexo ou religião.
Em sua totalidade, não se pode afirmar que as entidades que se apresentam nas giras são os mesmos Pretos Velhos escravos.
Muitos passaram por ciclos reencarnatórios e podem ter sido em suas
vidas anteriores médicos ou filósofos, ricos ou pobres, e, para cumprir
sua missão espiritual e ajudar aos necessitados, escolheram incorporar a
forma de Pretos Velhos. Outros, nem negros foram, mas também escolheram essa forma de apresentação.(grifo nosso)
Muitos podem estar perguntando: “Mas então os Pretos Velhos não Pretos Velhos?”.
A explicação é simples: todo espírito que já alcançou determinado grau
de evolução tem a capacidade de descer sob qualquer forma passada, pois é
energia pura, a forma é apenas uma conseqüência da missão que vem
cumprir na Terra. Podem também, em locais diferentes, se apresentarem
como médicos, Caboclos ou até Exu, depende do trabalho a que vêm
realizar. Em alguns casos, se tiverem autorização, eles mesmos nos dizem
quem são.
MENSAGENS DE PRETO VELHO
A principal cararacterística de um Preto Velho
é a de conselheiro; para alguns, são como psicólogos, amigos e
confidentes, para outros, são os que lutam contra o mal com suas
mirongas, banhos de ervas, pontos riscados, sempre protegidos pelos Exus
de Lei.
A figura de um Preto Velho representa a paciência e a calma que todos sempre devemos ter para evoluir espiritualmente, essa é a sua principal mensagem.
Certas pessoa costumam procurar um Preto Velho
apenas para resolver problemas materiais, usando os trabalhos na
Umbanda para beneficio próprio, esquecendo de ajudar ao próximo. Quanto a
isso, esses maravilhosos Espíritos de Luz deixam sempre uma importante
lição, a de que essas pessoas, preocupadas apenas consigo próprias, são
escravas do próprio egoísmo, mas sempre procuram ajudá-las brincando de
“pedir obrigações”. Mas em meio a essas pessoas, sempre haverá os que
podem ser aproveitados, que em pouco tempo vestirão suas roupas brancas,
descalçarão seus pés e farão parte dos trabalhos de caridade do
terreiro. Essa é a sabedoria do Preto Velho, saber lapidar o que há de bom em cada um de nós.
Pretos Velhos
levam a força de Zambi a todos que buscam aprender a encontrar sua fé,
sem julgar ou colocar pecado em ninguém, mostrando que somente o amor a
Deus, ao próximo e a si mesmo, poderá mudar sua vida e seu processo de
ciclos reencarnatórios, aliviando os sofrimentos cármicos e elevando o
espírito. Assim fortalecem a todos espiritualmente, aliviando o peso do
fardo de cada um, e cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou
aumente, de acordo com a forma de encarar os acontecimentos de sua
vida: “Cada um colhe o que plantou. Se plantares vento, colherás
tempestade. Mas, se entender que lutando poderá transformar seu
sofrimento em alegria, verá que deve tomar consciência de seu passado,
aprendendo com os erros, galgando o crescimento e a felicidade futura.
Nunca seja egoísta, sempre passe aos outros aquilo que aprende. Tudo que
receber de graça, deverá dar também de graça. Só na fé, no amor e na
caridade, poderá encontrar seu caminho interior, a luz e Deus” (Pai Cipriano)
APRESENTAÇÃO DA ENTIDADE
O termo “Velho, Vovô e Vovó, são usados para mostrar sua experiência,
pois, quando pensamos em alguém mais velho, entendemos que este já
viveu muito mais tempo do que nós, com coisas para nos passar e
historias para nos contar através de sua longa experiência. No mundo
espiritual isso é bastante parecido, e a característica da entidade Preto Velho é sempre o conselho.
Suas vestes são bem simples e não necessitam de muitos apetrechos
para trabalhar, apenas da concentração e atenção de seu médium durante a
consulta. Costumam usar cachimbo, lenços, toalhas e algumas vezes fumo
de corda ou cigarro de palha.
Sua incorporação não necessita de dançar ou pular muito. A vibração
começa com um “peso” nas costas, fazendo com que o médium incline o
corpo para frente, sempre com os pés bem fixos no chão. Andam apenas
para as saudações ao Atabaque, Conga e Babalorixá. Atendem sentados
praticando sua caridade. Raras às vezes alguns mantêm-se em pé.
Sua simplicidade se manifesta em sua maneira de ser e de falar,
sempre usando um vocabulário simples. A maneira carregada com que falam é
para mostrar que são bastante antigos.
A Linha de Preto Velho possui suas características gerais, mas cada médium tem uma coroa diferente, determinando as diferenças entre os Pretos Velhos.
As diferenças ocorrem porque cada Preto Velho
trabalha em nome de um Orixá, utilizando a essência de cada força da
natureza em sua atividade. Essas diferenças são facilmente percebidas na
forma de incorporação.
Retirado da Revista Espiritual de Umbanda (Edição Especial 1 Editora Escala)- Pesquisa e texto: Virgínia Rodrigues
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